30.11.04

Who let the dogs out?

Que raio de propaganda medonha é aquela?

26.11.04

In the end

O fulaninho do time de beisebol convida o coleguinha estudioso pra sair. Um encontro. Date. Só os dois. O coleguinha, sensível acima da média, não faz estardalhaços ou coisa do tipo. Simplesmente não quer. E continuam amigos.

Cena de "Apesar de tudo" (Still Standing/Fox) seriado que não é exatamente conhecido por pioneirismos de qualquer gênero. Mas estava lá. Você lá com seus treze, catorze anos, não completamente seguro de sua sexualidade (porque isso é uma coisa imensa) mas seguro de que você quer o seu colega de sala junto de você. Simples assim. Porque deve ser bom.

Porque no fim das contas, é isso o que vale. No fim das contas todo mundo quer poder sentir aquele friozinho que dá quando você vê uma pessoa que gosta. E ser retribuído. E por que você teria de ficar mais velho, ter estabilidade social e maturidade pra relevar comentários alheios para poder desfrutar desse momento de rara intensidade?

No fim das contas, você trocaria todo o seu estilo e pompa, toda a sua maturidade forjada a fogo por um breve momento sublime como esse. Que os atuais jovens em início de adolescência já estejam fazendo isso. Que possam fazê-lo quando tiverem o desejo, e não somente depois de tê-lo compreendido.

24.11.04

O técnico de telefones

Piers é fascinado pela arte de consertar coisas.
Existe algo de sublime em mexer nos fusíveis do chuveiro, ou nos extensos cabos telefônicos que conectam seu computador ao resto do planeta. Quanto mais uma sociedade nos nossos moldes se moderniza, mais seus indivíduos tornam-se dependentes de técnicos especializados. E não importa se você é o maior investidor da bolsa de valores de Frankfurt, quando a sua banda larga pifar, quem vai consertar não vai ser você, vai ser o cara que estudou Tecnologia em Redes de Telecomunicações enquanto você se gabava do seu pós-doutorado em Economia Aplicada.

Piers nem sempre gosta de admitir mas ele tem uma certa inclinação cartesiana que vive reaparecendo para assombrar suas escolhas acadêmicas anti-matemáticas. Toda essa orgia estética multimídia lhe é muito interessante e convidativa, mas ainda piá, dava-se bem melhor com os triângulos da aula de geometria do que com os da aula de música. Os materiais bizarros das aulas de Educação Artística sempre foram mais desafiadores do que as equações das aulas de Álgebra.

Todo esse revival de tempos escolares pra dizer que esse negócio de construir coisas é de alguma forma especial e excitante para Piers. Esqueci de dizer que em épocas escoteiras (sim, além de nerd ele era escoteiro) sua função preferida era a de construir os aparatos de utilidade geral dentro do campo. Pra quem nunca experimentou, dormir em uma construção de bambu que você mesmo fez a alguns metros de altura do chão é um prazer indescritível. Ou remar um dia inteiro em cima de um barco arquitetado por você e os outros tripulantes sem saber que dezenas de embarcações não tão bem sucedidas afundaram pelo caminho.

Enfim, Piers encontrou hoje o técnico que cuida dos telefones do prédio. Não um carequinha de dedos gordinhos com os botões da camisa abertos, nem um superloiro de braço torneado com roupa meio justa (o instalador do speedy era assim).
Jovem, sorridente, alinhadinho, bastante simpático. E aquela auto-confiança de quem está sempre lá quando você chama.

19.11.04

Moderação

Colin Powell é moderado. Foi o que disse o jornal. Arremessar bombas nos outros virou moderação.

5.11.04

Veja

Pesquise antes. Leia sinopses. Pegue trailers na internet. Leia a ficha dos diretores. Conheça os prêmios. Assista aos filmes que te interessam. Procure um de um país que você nunca viu. Reencontre diretores que você já gosta. Surpreenda-se com os que você odeia. Fuja dos badalados. Não faça fila meia hora antes da sessão. Relaxe. Tome um café. Fume um cigarro, lá fora. Reveja amigos. Compre uma garrafinha d´água e um drops de bala. Aceite sugestões de amigos. Peça sugestões pros amigos. Vá sozinho. Vá acompanhado. Assista pelo menos um filme que seja exigente com você. E pelo menos um que te faça sorrir. Desconfie das críticas. Faça uma maratona de filmes. Assista somente um por dia. Vá aos badalados. Pegue uma sessão sem conhecer nada do filme. Assista toda a filmografia de um país. Pegue o máximo de países diferentes que você conseguir. Não faça nada disso. Respire fundo. Ouse. Descubra. Desfrute. Mostre.