O técnico de telefones
Piers é fascinado pela arte de consertar coisas.
Existe algo de sublime em mexer nos fusíveis do chuveiro, ou nos extensos cabos telefônicos que conectam seu computador ao resto do planeta. Quanto mais uma sociedade nos nossos moldes se moderniza, mais seus indivíduos tornam-se dependentes de técnicos especializados. E não importa se você é o maior investidor da bolsa de valores de Frankfurt, quando a sua banda larga pifar, quem vai consertar não vai ser você, vai ser o cara que estudou Tecnologia em Redes de Telecomunicações enquanto você se gabava do seu pós-doutorado em Economia Aplicada.
Piers nem sempre gosta de admitir mas ele tem uma certa inclinação cartesiana que vive reaparecendo para assombrar suas escolhas acadêmicas anti-matemáticas. Toda essa orgia estética multimídia lhe é muito interessante e convidativa, mas ainda piá, dava-se bem melhor com os triângulos da aula de geometria do que com os da aula de música. Os materiais bizarros das aulas de Educação Artística sempre foram mais desafiadores do que as equações das aulas de Álgebra.
Todo esse revival de tempos escolares pra dizer que esse negócio de construir coisas é de alguma forma especial e excitante para Piers. Esqueci de dizer que em épocas escoteiras (sim, além de nerd ele era escoteiro) sua função preferida era a de construir os aparatos de utilidade geral dentro do campo. Pra quem nunca experimentou, dormir em uma construção de bambu que você mesmo fez a alguns metros de altura do chão é um prazer indescritível. Ou remar um dia inteiro em cima de um barco arquitetado por você e os outros tripulantes sem saber que dezenas de embarcações não tão bem sucedidas afundaram pelo caminho.
Enfim, Piers encontrou hoje o técnico que cuida dos telefones do prédio. Não um carequinha de dedos gordinhos com os botões da camisa abertos, nem um superloiro de braço torneado com roupa meio justa (o instalador do speedy era assim).
Jovem, sorridente, alinhadinho, bastante simpático. E aquela auto-confiança de quem está sempre lá quando você chama.
Existe algo de sublime em mexer nos fusíveis do chuveiro, ou nos extensos cabos telefônicos que conectam seu computador ao resto do planeta. Quanto mais uma sociedade nos nossos moldes se moderniza, mais seus indivíduos tornam-se dependentes de técnicos especializados. E não importa se você é o maior investidor da bolsa de valores de Frankfurt, quando a sua banda larga pifar, quem vai consertar não vai ser você, vai ser o cara que estudou Tecnologia em Redes de Telecomunicações enquanto você se gabava do seu pós-doutorado em Economia Aplicada.
Piers nem sempre gosta de admitir mas ele tem uma certa inclinação cartesiana que vive reaparecendo para assombrar suas escolhas acadêmicas anti-matemáticas. Toda essa orgia estética multimídia lhe é muito interessante e convidativa, mas ainda piá, dava-se bem melhor com os triângulos da aula de geometria do que com os da aula de música. Os materiais bizarros das aulas de Educação Artística sempre foram mais desafiadores do que as equações das aulas de Álgebra.
Todo esse revival de tempos escolares pra dizer que esse negócio de construir coisas é de alguma forma especial e excitante para Piers. Esqueci de dizer que em épocas escoteiras (sim, além de nerd ele era escoteiro) sua função preferida era a de construir os aparatos de utilidade geral dentro do campo. Pra quem nunca experimentou, dormir em uma construção de bambu que você mesmo fez a alguns metros de altura do chão é um prazer indescritível. Ou remar um dia inteiro em cima de um barco arquitetado por você e os outros tripulantes sem saber que dezenas de embarcações não tão bem sucedidas afundaram pelo caminho.
Enfim, Piers encontrou hoje o técnico que cuida dos telefones do prédio. Não um carequinha de dedos gordinhos com os botões da camisa abertos, nem um superloiro de braço torneado com roupa meio justa (o instalador do speedy era assim).
Jovem, sorridente, alinhadinho, bastante simpático. E aquela auto-confiança de quem está sempre lá quando você chama.
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