15.6.05

O exercício da automutilação diária

Algumas pessoas são incrivelmente desatualizadas no que tange à arte de barbear. Foi-se o tempo em que cara limpa era símbolo de alguma coisa necessariamente boa. Pra mim significa que você é masoquista. O estilo cuidadosamente desarrumado (plagiando usrejects) ou pseudo-largadão está em todos os lugares. Inclusive em alguns campeões de sisudez. Garotos barbados desfilam em seus ternos bem cortados em qualquer banco da cidade.

A exibição de um cavanhaque muito bem cuidado é um sinal bem maior de esmero e dedicação do que um rosto simplesmente castigado pela navalha ou pelas lâminas triplas do seu Mach3. Cá entre nós é bem mais moderno também. Eu já vi mulheres que ainda acreditam que rosto lisinho é sinal de asseamento. O que é compreensível se pensarmos que isso é uma vingança contra o fato de elas terem de depilar a virilha. Ou então é pedofilia reprimida-enrustida.

O que não é compreensível é um espécime do sexo masculino, aquele que também sabe do desperdício de tempo, dinheiro (creme de barbear é caro pros diabos) e tecido epitelial que é fazer a barba, exigir que você faça a sua só porque ele é um tosco que faz a dele todos os dias há dez anos.

Na verdade é. A exigência do nada lúdico exercício da automutilação diária nada mais é do que uma forma de demonstração de autoridade. Das mais eficientes.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Assino embaixo!
Fazer a barba todo dia é algo impraticável. Até mesmo porque a barba tem que estar razoavelmente grande pra que se consiga fazê-la direito, e ela definitivamente não atinge esse tamanho mínimo em 24 horas. Eu faço uma vez por semana e já tá bom demais.
E manter uma barba bacaninha dá muito mais trabalho que simplesmente passar a gilete na cara inteira. As pessoas deveriam valorizar mais esse tipo de coisa.

Abraço
Rodrigo

p.s.: Hey, qual é o horário do seu expediente, aliás? Agora ficou mais difícil de te encontrar aos finais-de-semana, hehe.

3:47 PM  

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