5.4.05

Cidade alerta

Hoje eu descobri um novo ponto de encontro do bairro. O 16o Distrito Policial. Confesso que armas de fogo eram um universo desconhecido para mim até hoje. E de certa forma continua sendo, mas devo admitir que hoje indiretamente ele me tangenciou.

Minha mãe liga bastante tensa depois de terem-lhe sido tiradas as duas bolsas que carregava. A de importância civil e econômica, com todos os documentos e cartões. E a de importância afetiva, a que continha todos os seus riscos e rabiscos de anos de dedicação ao projeto.

Pego um táxi para buscá-la e vamos até a delegacia. A fila para registrar boletim de ocorrência é grande. Ela prefere voltar mais tarde. Perguntam para ela se ela é a mãe. Ela fica confusa. Roubaram e violentaram uma garota que chegou faz pouco tempo. O problema dela parece pequeno agora. Na saída encontro um ex-colega de trabalho. Teve o carro roubado. Trocamos confidências mais que rápidas. Não é a melhor situação para se rever um colega.

Papai não atende o celular. Óbvio.

Voltamos à delegacia mais tarde. Passaram-se algumas horas mas meu colega só está saindo agora. Minha mãe não sabe o número das folhas de cheque que estavam na bolsa. Segunda tentativa frustrada. E pela segunda vez no dia, encontramos um conhecido na saída da delegacia. A filha da vizinha do andar de baixo está sendo ameaçada por um pseudo-funcionário de operadora de celular que surrupiou suas informações pessoais.

Nunca dois motoqueiros me abordaram na rua com um revólver logo depois de eu ter saído do hospital visitar uma amiga.
Mas em dias como esse, do alto do meu padrão de vida american way of life, encho meus pulmões de hipocrisia e digo: É um mundo cão.